quarta-feira, abril 19, 2006

O barro invisível

O famoso paradigma de "movesparadus" afirma que é possível se mover sem sair do mesmo lugar. É ele que possibilita, por exemplo, que você dance com aquela gostosa em 30cm2. Extrapolando essa dança para o nosso país, este grande gigante adormecido consegue dançar com e nos seus 8 milhôes e picos de quilômetros quadrados. Um país grogueado, entorpecido, caido, prostrado e emperrado, estacionado, "parkeado". Este é um país interessante: quanto mais mudamos, mais somos os mesmos.

Deve ser coisa do gigantismo, sabem como é, todo o gigante tem essa propensão de ser meio molóide; aprendi isso do basquete, já viram como os armadores são pequenos? Os grandões só servem para pivôs, para ficarem lá na frente, quase plantados, com seus corpanzis imensos, braços longos, esperando que os armadores façam o trabalho fino, o trabalho de condução da bola. Mas deixa eu parar de falar em basquete, não entendo nada de basquete, nem gosto de basquete.

Agora estamos com essa lógica ilógica para a qual - dizem - ninguém tem uma explicação. Temos um presidente com os dois pés no atoleiro que olha pasmo e diz: Barro? Barro aonde? E todo mundo olha para essa figura atolada no meio do barro e finge que não vê o atoleiro em que o cara se meteu. A oposição grita "mas olhem bem!", a imprensa grita "olhem com atenção!" O povo não vê bulufas. Ou vê e faz que não vê, o que prova aquela velha tese: em terra de cego, errei, não é isso, mas não interessa!

Talvez porque essa coisa de barro já seja tão trivial entre nossotros que já não chama mais a atenção de ninguém. Ora barro! Ora pois! Grande novidade, se todos andam com os pés embarrados! O povo não enxerga o barro, mas um cara no meio do barro, mais um, só que esse é "um dos nossos" embarrado, perceberam? Está difícil convencer a turba que a coisa é diferente daquilo que estão vendo: só mudou o embarrado, o barro continua o mesmo.
PS.: Se falo em barro é porque fica mais elegante.

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